quinta-feira, 19 de junho de 2008

Indiferença



"Me espanta que tanta gente sinta - se é que sente - a mesma indiferença."

Os Engenheiros do Hawaii notaram, e eu também, a proporção com que a indiferença vem crescendo. Eu nunca havia parado para analisar a palavra antes, e tinha um conceito interno básico de que, uma pessoa indiferente, seria aquela que não se importasse muito com as coisas. Ela não quer se envolver, ou acha que não vale à pena, então prefere ficar confortavelmente "em cima do muro". Até aí, não há muitos prejuízos.

Porém, parando para pensar com calma a respeito, concluí que o espírito da indiferença pode ser um dos grandes males que afeta a humanidade. E porque? Por que ela aparece no fundo de muitas das atitudes mesquinhas e condenáveis que presenciamos no dia-a-dia.

Vou dar exemplos: uma pessoa que mente, é indiferente ao desejo da outra de não ser enganada; uma pessoa que mata, demonstra indiferença à vida do outro - para ela tanto faz a existência daquele indivíduo. Quando alguém pratica um roubo, evidencia a indiferença sobre o esforço do outro cidadão em ter/comprar o objeto que foi roubado, ou a estima pessoal que confere a este.

Obviamente trato os exemplos acima citados examinando-os sob um ângulo de aspecto geral, excluindo as exceções como a do cara que matou o outro para salvar a sua própria vida em legítima defesa, ou aquele que estava desempregado e no auge do desespero roubou um saco de feijão do mercadinho da esquina para alimentar seus filhos, etc.

Peculiaridades à parte, acho que essa teoria da indiferença faz muito sentido. Só a indiferença proporciona a frieza necessária para queimar florestas sem a preocupação com a destruição da fauna existente no local, ou a morte de animais para a fabricação casacos de pele que alimentam o consumo fútil de madames sustentadas pelo marido rico, ou a poluição de rios que servem como depósito de dejetos das fábricas. Se tudo isso é indiferente na consciência da pessoa, a prática de qualquer dessas ações não causará o mínimo abalo em seu sono.

Alguém pode dizer: na verdade o problema deles é a ambição desmedida na busca pelo dinheiro. Concordo. Mas essa ambição precisa estar de mãos dadas com a indiferença para que de fato todas essas coisas sejam promulgadas. Afinal, todos queremos enriquecer, mas é o fato de não termos uma visão indiferente que gera a busca por esse objetivo de forma sensata, sem a agressão de qualquer forma de vida que seja, direta ou indiretamente.

Continuando a fundamentação, políticos corruptos roubam o dinheiro público pois são indiferentes à sua real função de representantes da sociedade, devendo atuar no sentido de satisfazer seus anseios. Pessoas jogam lixo na rua por que são indiferentes ao estorvo que o acúmulo deste provocará na manutenção de vias públicas decentes, pra não falar na disseminação de doenças. Do mesmo modo, o menino que diz que foi ao colégio mas na verdade está jogando bola, é indiferente à aula do dia.

Enfim, eu apenas quis compartilhar meus pensamentos sobre o assunto, e propor uma análise particular a quem estiver lendo. Nossa civilização passa por sérios problemas e na raiz de muitos deles está a indiferença, essa praga alguém de dar importância a o que quer que esteja além do seu umbigo.

Culpa da sociedade liberal? Do individualismo pregado pelo sistema capitalista? Da natureza humana? Do Lula? Quem pode dizer? O primeiro passo certamente é o reconhecimento da fraqueza. De resto, vai do esforço de cada um.

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